Produtor de Orgânicos

O mercado orgânico brasileiro

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Rio, 14 de julho de 2014.
fonte: Coopernatural, CI Orgânicos,

Primeira parte

Durante 10 dias Karin Heinze, da Organic Market, esteve no Brasil em diversas reuniões com produtores brasileiros, observou modelos de marketing e visitou a BioBrazil Fair/Biofach América Latina. Os textos que aqui se encontram fazem parte de um informe sobre o mercado orgânico brasileiro, apresentado em junho de 2014 pela Organic Market.

O fato de que o mercado orgânico brasileiro está se desenvolvendo bem foi bastante aparente na segunda edição da feira Bio Brasil Fair / BioFach América Latina, realizada em junho de 2014, em São Paulo. O progresso quem vem sendo feito pode ser observado ao visitar várias empresas. As pioneiras no setor de orgânicos têm expandido sua oferta de forma significativa, empresas e cooperativas, recém formadas, estão chegando com novas ideias e levando ao mercado a grande diversidade do país. A disponibilidade de alimentos orgânicos e cosméticos naturais tem aumentado enormemente e apresentando modelos de marketing interessantes, como a entrega à domicilio de cestas com produtos orgânicos. Projeta-se em 2014 uma que a receita do setor incremente num 35% equivalente a USD900 milhões (R$ 2 bilhões).

Durante anos, o mercado de orgânicos brasileiro tem desfrutado de elevadas taxas de crescimento anuais de dois dígitos, entre um 15% a mais de um 20%. De acordo com dados fornecidos pelo Instituto de Promoção do Desenvolvimento, IPD e o Organics Brasil, o volume de negócios em 2012 foi de aproximadamente USD$760 milhões. Depois de um crescimento de 22% no ano passado, especialistas do mercado, estão antecipando para 2014 um crescimento recorde de 35%, o que deveria incrementar as vendas para mais de USD$ 900 milhões (2 bilhões Reais).

Até agora, 50% – 60% dos seus produtos orgânicos certificados, principalmente commodities como açúcar, café, soja, arroz e sucos de frutas, foram exportados. Atualmente estão colocando no mercado produtos cada vez mais acabados, que também estão sendo demandados em outros países.

O Organics Brasil é uma iniciativa do IPD, em estreita colaboração com a Apex, Agência Brasileira de Promoção de Investimentos, resultando nos últimos anos, no surgimento de uma forte rede do setor orgânico. Organics Brasil começou em 2005 com 12 empresas e um faturamento de USD 9,5 milhões. Em 2012, 74 empresas faziam parte do projeto que reportaram exportações de USD$ 129.5 milhões. Nesse meio tempo, eles estão exportando bens cada vez mais processados, juntamente com cosméticos e tecidos naturais.

Com sua equipe, o gerente do projeto e coordenador do Organics Brasil e IPD, Ming Liu, visa aumentar o número de empresas para 100 e o volume de negócios para USD150 milhões em 2016. “As empresas orgânicas estão desenvolvendo cada vez mais produtos interessantes e de valor agregado demandados nos florescentes mercados dos EUA e na Europa. Nós ajudamos a encontrar os canais de vendas apropriados “, explica Liu. O Brasil importa bens orgânicos dos EUA e da Europa para o valor de cerca de €25 milhões.

Exportar ainda é o braço mais importante do setor de orgânicos do Brasil, mas a demanda no próprio país está crescendo de forma dinâmica. Nós vemos a evidência nas figuras das grandes cadeias. O comércio varejista é responsável por dois terços das vendas. Pão de Açúcar (Grupo Casino), com cerca de 1.500 lojas e faturamento de aproximadamente US$19 bilhões (2012), é o número um no comércio varejista de alimentos no Brasil apresentando uma extensa gama de alimentos orgânicos de cerca de 850 produtos comercializados com a marca de produtos própria Taeq. A taxa anual de crescimento do volume de negócios orgânica nos últimos anos tem sido um de 30% – 40%, e o valor de venda atual é de mais de USD $ 75 milhões, de acordo com Sandra Caires, responsável por este segmento.

Os 90 expositores orgânicos que participaram da BioBrasil Fair / Biofach America Latina se declararam satisfeitos com a feira. Durante os quatro dias, mais de 15.000 visitantes visitaram o evento. A feira e realizada conjuntamente com a Natural Tech, contou com 130 expositores de dietéticos, alimentos vegetarianos, suplementos alimentares e produtos naturais. Na feira quase não havia expositores internacionais ou visitantes do exterior. No entanto, o mercado brasileiro é grande e demanda está crescendo. Os expositores tiveram a oportunidade de apresentar as suas inovações. Por exemplo, tradicionais empresas como a Native, a maior empresa do setor orgânico do Brasil e a Korin exibiram sua variedade de produtos orgânicos.

Miolo Real, foto CI Orgânicos
Miolo Real, foto CI Orgânicos

La Finestra sul Cielo Brasil, uma subsidiária do atacadista italiano-espanhol, apresentou massas, arroz e bebidas à base de quinoa. Emporium Vida agora oferece produtos congelados ao lado de sua grande variedade de paes. A Fazenda Solarius ampliou sua linha de antepastos e conservas com Pestos Mediterrâneo, a Miolo Real apresentou quatro tipos de palmito em conserva. A Blessing oferece uma grande variedade de frutas exóticas, spreads de tomate e mirtilos secos. Em geral, a tendência é semelhante ao que vemos no mercado europeu: produtos de conveniência, refeições prontas, alimentos para vegetarianos, sem glúten e produtos sem lactose.

Os cosméticos naturais e orgânicos foram bem representados pelas duas empresas brasileiras Surya e Ikove. Uma grande atividade foi realizada no estande da filial brasileira da empresa alemã de cosméticos naturais, Alva, cuja Diretora, Ananda Boschilia e Santos indica que a marca está em grande demanda no Brasil. Da mesma forma, Sebastian Schlossarek e seu parceiro de negócios criaram a marca Herbia no Brasil que produz cosméticos naturais e óleos vendidos em lojas selecionadas e através de sua própria loja, online. A empresa importada e distribui a marca britânica Natracare e as bio-fraldas, alemães, Wiona. Com 12 lojas, a empresa brasileira Cativa Natureza é bem estabelecida.

Empresas familiares e cooperativas de agricultores familiares gozam de um estatuto especial no Brasil e recebem apoio do Estado. Algumas cooperativas exibiram seus produtos num estande conjunto do Ministério do Desenvolvimento Agrícola (MDA), e 18 empresas familiares estiveram localizadas no pavilhão do SEBRAE. A Ecocitrus exporta óleos cítricos para a França e suco de laranja e tangerina para Voelkel na Alemanha.
O Fórum Internacional de Desenvolvimento Sustentável e Agricultura Orgânica, reuniu alguns dos principais líderes do setor no Brasil – representantes de diversos Ministérios, Secretarias de Estado de São Paulo, Sebrae, Itaipu Binacional, IBD, e participantes internacionais como André Leu, Presidente do IFOAM presidente e Denise Godinho (IFOAM).

fonte: Organic Monitor

Segunda parte

Saúde e bem estar são questões importantes no meio urbano e nas classes A e B no Brasil. Algumas das razões pelas quais, no Brasil, as pessoas compram produtos orgânicos são a diabetes, intolerância à lactose e glúten, pais que se preocupam com a saúde de seus filhos, que desejam evitar consumir pesticidas e transgênicos, a proteção do meio ambiente, um estilo de vida vegetariano e vegan ou simplesmente por considerar que os produtos tem um gosto bom. A oferta está se tornando cada vez mais variada, e você encontra produtos orgânicos nos diversos canais de distribuição: lojas de produtos orgânicos e supermercados, gastronomia e hotelaria, na feiras municipais e entregas à domicilio.

Durante a Copa do Mundo, kits com produtos orgânicos foram entregues aos voluntários e os produtos orgânicos estiveram à venda em quiosques especiais. O governo disponibilizou um orçamento de USD 400.000 para facilitar a venda de sucos de frutas, lanches e produtos sustentáveis ​​de produção da agricultura familiar durante os jogos. A campanha Brasil Orgânico e Sustentável, lançada pelo Ministério de Desenvolvimento Social, mostra que o governo leva a sério a tarefa de apoiar o setor orgânico e os pequenos agricultores. Outra prova do compromisso do Estado é a Semana do Alimento Orgânico que teve lugar a partir do final de maio ate o início de junho de 2014.

O apoio do Estado é importante, mas sem o interesse do setor privado a indústria orgânica não estaria onde está hoje. Várias empresas estão particularmente interessadas ​​em promover produtos orgânicos. Durante a semana do alimento orgânico, a loja Empório Santa Maria, que pertence ao Grupo Marché (14 lojas em São Paulo), distribuiu um folheto que trata especificamente dos produtos orgânicos e trouxe informações e receitas.

Gabriela Mordhorst, responsável pelo marketing, explica que o diretor-gerente, José Barattino, é o embaixador orgânico da empresa e faz questão de ampliar o leque de produtos. Mordhorst aponta que, assim como os produtos importados da Europa os produtos orgânicos se encaixam bem no conceito da sua loja. Ela diz que os clientes das classes média e alta estão preocupados com a nutrição e podem pagar a diferença de preço de 20% – 100%.

foto: CI Orgânicos
foto: CI Orgânicos

O varejista, Casa Santa Luzia, uma empresa familiar com quase 90 anos localizado em São Paulo, também oferece produtos de alto padrão, contam com muitos assistentes de vendas e oferecem diversos serviços. A grande variação de frutas orgânicas e vegetais é apresentada num bloco ao lado dos produtos convencionais. No segundo andar do supermercado você encontra, aproximadamente 200 m2, destinados aos alimentos orgânicos e saudáveis. Algumas ofertas também estão disponíveis em sua loja online. Sua página inicial também fornece informações em torno do tema orgânico. Conceitos de marketing inovadoras também são encontrados no comércio convencional em outros estados, por exemplo, do supermercado Hippo local, em Florianópolis (Santa Catarina).

No principal varejista, Pão de Açúcar, principal distribuidor de alimentos orgânicos, se apresentam marcas tradicionais de alimentos orgânicos e cerca de 260 produtos são comercializados sob a sua  marca própria, Taeq. Sandra Caires, responsável pelo segmento de orgânicos, afirma que trabalha em estreita colaboração com os produtores locais e são um varejista convencido de orgânicos. Ela própria é consumidora vegetariana e orgânica, e está confiante de que o crescimento acima da média vai continuar. A inspiração vem de conceitos dos EUA (Wholefoods) e da Alemanha como os varejista Alnaturae  Basic.

Outras grandes redes de supermercados como Carrefour Brasil, com aproximadamente 640 lojas e Walmart Brasil, cerca de 480 lojas, têm produtos orgânicos entre seus produtos, alguns com suas próprias marcas Viver e Sentir Bem.

Não é só em São Paulo que estes tipos de alimentos são muito populares e de grande oferta. Curitiba, a capital do estado do Paraná, é um bastião orgânico: com 16 feiras semanais na cidade, os consumidores podem encontrar produtos orgânicos fornecidos pelos produtores da região. A capital, com 1,8 milhões de habitantes, é a única cidade brasileira a ter um espaço orgânico no mercado municipal.Aqui você encontra empresas como a Biossana e o Mercado Natural, a loja de cosméticos naturais da Cativa Natureza, vários fornecedores de frutas e legumes e uma loja de venda de têxteis naturais. Dois cafés e um restaurante delimitam uma área com mesas e cadeiras onde degustações e programas de culinária são realizados.

A organização de produtores e consumidores, ACOPA, de Curitiba não é apenas envolvida na realização de feiras semanais, mas também oferece visitas a sítios e fazendas orgânicas da região. Seus destinos incluem o centro de pesquisa de 140 hectares  para a agricultura e horticultura (CPRA), e os 20 hectares  da fazenda Demeter, Konzen que produz hortigranjeiros, pāo, massas vendidos sob a marca Amabile. A fazenda fornece dois restaurantes familiares em Curitiba, cantinas escolares com um esquema de caixa com cerca de 100 clientes.

A família Marfil de Parana se especializou na transformação e comercialização de produtos orgânicos: como uma grande variedade de pães e bolos que sao vendidos em mercados e em Curitiba. Sob a marca Marfil, eles embalam produtos oferecidos a quilo, para o consumidor final, através dos mercados e lojas.

foto: CI Orgânicos
foto: CI Orgânicos

Diversos empreendedores do setor orgânico, estiveram de acordo que o marketing orgânico no Brasil é positivo: Christoph Allain, proprietário da Jasmine,  uma das principais industrias de produtos integrais e orgânicos, está convencido de que o dinamismo do mercado vai continuar. Ele ressalta, porém, que a concorrência está aumentando. “O mercado brasileiro é enorme, e ainda há muito a fazer”, explica ele, e que vê a melhora de variedade de produtos e marketing como um o desafio.

Valter Watanabe da Korin (ovos orgânicos, aves) tem uma visão semelhante. O mercado brasileiro ainda tem muito potencial de crescimento, e é uma questão de constante aperfeiçoamento e expansão da oferta. A Korin, fundada há 20 anos mantém com cinco lojas em várias cidades do Brasil.

 

Fonte: Karin Heinze – Organic Market

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