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Orgânicos em foco

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Rio, 11 de maio de 2015.
O produtor Antônio César da Silva em sua fazenda de orgânicos no município de Itaperuna, no interior do Rio de Janeiro (Foto: Marcos Pinheiro/Eternoclick)
O produtor Antônio César da Silva em sua fazenda de orgânicos no município de Itaperuna, no interior do Rio de Janeiro (Foto: Marcos Pinheiro/Eternoclick)

Foi a preocupação com a saúde da família que levou Antônio César da Silva, 48 anos, a decidir pela agricultura orgânica. “Foi o simples fato de não mexer com produto químico, que agride o meio ambiente e é perigoso para a gente”, diz o produtor. Silva não se preocupou só com o retorno financeiro, ele colocou a saúde da família em primeiro lugar. “Mesmo que a renda fosse menor, eu queria deixar de usar produto químico”, diz o agricultor.

Hoje, ele, a esposa, os três filhos e o pai produzem frutas e hortaliças orgânicas numa propriedade de 11 hectares em Itaperuna, interior do Rio de Janeiro. A variedade é enorme: limões taiti e siciliano, banana-prata, laranjas-pera e lima, mexerica poncã, atemoia, goiaba, alface, taioba e couve. A maior parte da produção é vendida na feira da cidade.

Silva tem recebido apoio do Sebrae para abrir novos mercados. Ele faz parte de um grupo de 98 agricultores orgânicos, que deverão participar do Sebrae no Pódio, um projeto em parceria com o Comitê Olímpico Rio 2016 para qualificar potenciais fornecedores para atender às demandas das olimpíadas, quando serão servidos 8,8 milhões de refeições em 45 dias.

Entre as frutas colhidas na fazenda em Itaperuna (RJ), está o limão-siciliano, que será utilizado na produção de uma cerveja (Foto: Marcos Pinheiro/Eternoclick)
Entre as frutas colhidas na fazenda em Itaperuna (RJ), está o limão-siciliano, que será utilizado na produção de uma cerveja (Foto: Marcos Pinheiro/Eternoclick)

No momento, a fruta de maior destaque é o limão-siciliano. Isso porque ela se tornou ingrediente da Blond Ale, uma cerveja do tipo belga, que utiliza a fruta na sua produção. Dimitry Lopes de Lima, sócio-diretor da cervejaria Besten, fez testes com várias frutas até decidir pelo limão-siciliano. “Queria usar algum produto local para fazer essa cerveja comemorativa de um ano da fábrica e do aniversário da cidade, que é dia 10 de maio”, diz Lima. A cerveja será lançada nesta ocasião.

O processo de produção da bebida é extremamente delicado. “Nós usamos a casca do limão e o processo é todo manual para não pegar a parte branca”, explica Lima.

PENSANDO NO FUTURO

Hoje, uma das principais carteiras do Sebrae no segmento de Agronegócio é a de Agroecologia e Orgânicos. São 21 projetos distribuídos por 12 Estados e com um alcance de 2.809 municípios brasileiros. A Produção Agroecológica Integrada e Sustentável, o PAIS, é o projeto de maior destaque. De 2004 até 2013, foram implantadas 10 mil unidades.

Trata-se de uma tecnologia de inclusão social disseminada pelo Sebrae com parceria da Fundação Banco do Brasil e apoio do Ministério do Desenvolvimento Agrário. O PAIS é um modelo de produção de hortaliças e legumes no sistema agroecológico, que preconiza a preservação do solo, da água e do meio ambiente. Visto de cima, ele tem aparência circular, com vários anéis dentro de um círculo maior. No meio, fica o galinheiro, sendo que os canteiros são construídos ao redor, em curvas de nível, para evitar a lavagem da terra pela chuva ou pela irrigação. A diversidade de plantas é outra característica que mantém o equilíbrio entre pragas e seus predadores. A irrigação é por gotejamento, uma forma de evitar o desperdício.

No PAIS, tudo se aproveita: as verduras amarelas ou vão para compostagem (adubo feito com lixo orgânico) ou se tornam comida das galinhas. Já o esterco das aves auxilia na adubação do solo. Recentemente, o desenho do projeto ganhou também piquetes para o pastejo rotacionado das aves, um quintal orgânico com plantas frutíferas, nativas e ornamentais e mais um viveiro de mudas, tudo isso ao redor do último círculo.

O kit para a implantação do PAIS engloba caixa d’água, equipamentos de irrigação, tela, arame, carrinho de mão e galinhas de postura. O custo varia de R$ 7 mil a R$ 9 mil, dependendo do Estado, e a vigência do projeto varia de 12 a 36 meses. O Sebrae atua na assistência técnica e capacitação, que respondem por 70% do custo do PAIS, e uma instituição parceira, que pode ser uma fundação ou prefeitura local, faz a doação desse kit.

“No início, o PAIS teve o foco em melhorar a qualidade de vida para os agricultores, por meio da diversificação dos produtos disponíveis para a alimentação da família”, diz José Altamiro da Silva, analista do Sebrae. Naquela época, o projeto tinha três círculos com hortaliças diversificadas. “Hoje, o PAIS tem cinco ou mais anéis de produção e está focando na comercialização, na criação de feiras orgânicas e outros canais de escoamento”, diz Altamiro.

MAIS CONFORTO PARA A FAMÍLIA

Venda antecipada: Maria Aparecida Brito criou um grupo no aplicativo WhatsApp e vende parte de sua produção antes de sair de casa (Foto: Alcides Neto/Campo Grande News)
Venda antecipada: Maria Aparecida Brito criou um grupo no aplicativo WhatsApp e vende parte de sua produção antes de sair de casa (Foto: Alcides Neto/Campo Grande News)

Maria Aparecida Brito, 42 anos, é um exemplo de agricultora cuja vida melhorou desde que foi contemplada com o PAIS, há cerca de sete anos. Quando aderiu ao projeto, seu PAIS tinha o galinheiro no centro e quatro anéis ao redor com plantação de hortaliças. “Hoje, estou com dez anéis, algumas árvores frutíferas e pretendo diversificar mais”, diz.

Casada com Altair e mãe de quatro filhos, Maria conta com a ajuda do marido e do filho Alexon para a lida com a terra na propriedade de 1 hectare, localizada no Polo de Orgânicos do Núcleo Industrial de Campo Grande (MS). “Vivo da agricultura e o PAIS ajudou bastante. Hoje eu tenho o meu carro, posso ir e vir e viver com um certo conforto”, diz.

No sítio, eles produzem alface, couve, couve-chinesa e cheiro-verde, entre outros. A produção é comercializada em feiras e no Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), por meio da Cooperativa dos Produtores Orgânicos da Agricultura Familiar de Campo Grande. “Tenho tirado cerca de R$ 2.800 por mês, cerca de R$ 700 por semana”, diz a agricultora.

Maria participou de várias capacitações e viagens de aprendizado do Sebrae. “Fui visitar a fazenda de orgânicos Malunga, em Brasília, e outros produtores em São Paulo. Nestas viagens eu conheci sementes diferentes, novos jeitos de produzir, irrigar e plantar”, conta Maria, dizendo que colocou em prática muito do que viu.

A última novidade foi a criação de um grupo no aplicativo WhatsApp, para ajudar nas vendas. “Criei o grupo para lembrar o pessoal do dia da feira e avisar o que vou levar”, conta. “Tem gente que reserva os produtos antes e eu chego na feira com parte já vendida”, explica.

HOLOFOTE PARA OS ORGÂNICOS

De 10 a 15 de junho será realizada a 11ª edição da Bio Brazil Fair e BioFach América Latina, no Pavilhão da Bienal, em São Paulo. O evento é uma vitrine para os orgânicos. “O Sebrae apoia as pequenas empresas e contribui para democratizar o acesso à feira”, diz Valeska de Oliveira, gerente do evento. Neste ano, a instituição levará 18 empresas para a BioFach e ajudará na organização de uma rodada de negócios.

Fonte: Globo Rural

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Clique na imagem abaixo e confira na íntegra o Guia do Consumidor Orgânico da Sociedade Nacional de Agricultura:

Clique na imagem abaixo e confira na íntegra o Guia do Produtor Orgânico da Sociedade Nacional de Agricultura:

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