Inauguração do Centro de Inteligência em Orgânicos é marcada pela presença de produtores
Por Gabriel Chiappini

Mais de 100 pessoas lotaram o auditório da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), no último dia 10 de dezembro, no Rio de Janeiro, para prestigiar o lançamento do Centro de Inteligência em Orgânicos (CI Orgânicos), iniciativa da SNA, em conjunto com o Sebrae. O projeto tem como objetivo fomentar a geração e difusão de conhecimento sobre o segmento de orgânicos, no Brasil.
A abertura do evento ficou a cargo do presidente da SNA, Antônio Alvarenga, que destacou a parceira com o Sebrae, de quase dez anos, no incentivo à agricultura orgânica, que segundo ele “tem grande importância para o agronegócio brasileiro como forma de agregar valor”. Alvarenga ainda apontou a necessidade do Brasil torna-se potência no segmento: “Precisamos deixar de ser ‘pobres coitados’ para ocuparmos posição de destaque no cenário internacional”.
Eduardo Peçanha, diretor do Sebrae, lembrou que, o CI Orgânicos nasceu da necessidade de se ampliar um outro projeto voltado para o segmento orgânico, apoiado pelas duas instituições, a rede OrganicsNet. “Acredito que temos muito que fazer, e vamos continuar nos empenhando. Esse momento é muito importante para a economia agrícola, não só do Rio de Janeiro, como de todo o país”.
Conexões Sustentáveis
O momento mais esperado do evento era a palestra do Engenheiro Agrônomo, Moacir Darolt, Doutor em Meio Ambiente do IAPAR (Instituto Agrônomo do Paraná). O tema, “Conexões sustentáveis- Novas relações entre o produtor e o consumidor”, abordou a emergência de uma reaproximação entre o campo e a cidade. “Tem muita gente que não sabe mais qual é o sabor do leite. A referência que as pessoas tem é o leite de caixinha”, disse Darolt, ao tratar da mudança dos hábitos alimentares, em que brasileiros consomem cada vez mais produtos industrializados, e ao mesmo tempo, tem menos contato com o produtor. “O consumidor reclama do preço, mas nunca plantou uma alface”, brincou, “ele deve conhecer o sistema de produção, e valorizar o produtor rural”.
Darolt afirmou que, as feiras orgânicas funcionam como uma importante ferramenta para o estreitamento “cidade-campo”, “produtor-consumidor”. “Deve-se incentivar as feiras, e a entrada de gente nova nesses círculos, que funcionam como espaços educativos”. Aliás, Darolt considerou a educação do consumidor como o principal desafio para o mercado orgânico. “É importante destacar que estamos trabalhando com vida. Temos que mostrar esse aspecto para que possamos sensibilizar as pessoas”, disse o engenheiro agrônomo, acrescentando: “As melhores escolhas éticas e ambientais são também as mais saudáveis”.
Geração de conhecimento
Entre os presentes, estavam pesquisadores, representantes de diversas instituições ligadas ao setor agrícola do país, e estudantes de Agroecologia do Colégio Técnico da UFRRJ (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro). Mas, o grande destaque ficou por conta do expressivo número de produtores rurais. Muitos deles, vindos de Barra do Piraí, Volta Redonda e Pinheiral, todos, municípios do Sul Fluminense.
De Pinheiral, a produtora orgânica, Cléa Moura, fez questão de marcar presença no evento. “O Centro de Inteligência em Orgânicos será uma forma de termos acesso a mais conhecimento. Há uma dificuldade de conseguirmos informações que precisamos”, afirmou Cléa, que produz, entre outros alimentos, inhame, mandioca, alface, abobrinha, frutas, além de plantas medicinais, certificados pela ABIO.

Comemoração
Sobre o balanço do evento, Sylvia Wachsner, coordenadora do CI Orgânicos, mostrou-se empolgada: “Minha avaliação é muito positiva. Depois de escutar uma importante palestra, os produtores tiveram a palavra, e os pesquisadores puderam, então, escutá-los. Essa é a mesma ideia do CI Orgânicos, os dois lados devem alimentar-se”, afirmou Wachsner, lembrando o objetivo do projeto, que pretende estabelecer pontes entre os diversos atores da agricultura orgânica.
Moacir Darolt, também fez sua avaliação do evento, “O importante é que tivemos a participação de produtores, consumidores e pesquisadores, que debateram e trocaram ideias”, disse Darolt, que também destacou a importância da comunicação dos envolvidos no segmento. “O CI Orgânico deve manter essa comunicação. As pessoas tem que se conhecer e formar uma rede para o desenvolvimento da agricultura orgânica e da agroecologia”.
Ao final da palestra, o público foi convidado para participar de uma degustação. Biscoitinhos, café, quitutes, e prosseco foram servidos.
Tudo orgânico e certificado.
Clique na imagem abaixo e confira na íntegra o Guia do Consumidor Orgânico da Sociedade Nacional de Agricultura:
Clique na imagem abaixo e confira na íntegra o Guia do Produtor Orgânico da Sociedade Nacional de Agricultura:
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