Consumidor de Orgânicos

Ex-traders de Dreyfus e NovaAgri fomentam orgânicos do Brasil e veem salto em poucas safras

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Rio, 6 de dezembro de 2022.

Quando ex-traders da Louis Dreyfus e da NovaAgri decidiram fundar a empresa de proteínas orgânicas Raiar, eles sabiam que antes do ovo e da galinha vinham os grãos, e se juntaram em uma série de iniciativas de fomento à cadeia produtiva que deve resultar em breve em um aumento “exponencial” do mercado brasileiro de soja e milho para alimentar criações e exportações. 

O mercado de grãos orgânicos é ainda muito incipiente no Brasil, representando 0,02% da produção total de soja e milho do País, disse Luis Barbieri, sócio-fundador da Raiar Orgânicos e ex-Diretor da Louis Dreyfus. Contudo, não é só por ser pequena que essa oferta pode ser multiplicada por 20 em pouco tempo, opinou ele. 

Conectada à demanda de consumidores por produtos mais saudáveis, a práticas agrícolas sustentáveis e alternativas, que hoje já reduzem custos de agricultores tradicionais, com o uso dos bioinsumos, a agricultura de grãos orgânicos recebe prêmios de 30% sobre os preços da soja e o milho não orgânicos, um estímulo para a atividade. 

“Hoje é um traço (a representatividade da produção orgânica frente à tradicional, que usa insumos químicos). Achamos que com a tecnologia avançando, com a demanda conectando, essa produção pode multiplicar por 10, 15, 20, em três a cinco anos. Para passar de 0,02% a 0,20%, não é um negócio de maluco”, disse Barbieri. 

A produção de soja e milho orgânicos do Brasil hoje gira em torno de 60.000 toneladas, o equivalente ao que transporta um navio na exportação, enquanto a safra total desses dois grãos no país está estimada em cerca de 280 milhões de toneladas. 

“Acredito que a curva de crescimento é exponencial, à medida que avançamos”, acrescentou Barbieri, que tem entre os sócios Marcus Menoita, que atua como CEO da Raiar e foi fundador da NovaAgri. 

Leandro Almeida, ex-executivo da trading NovaAgri vendida à Toyota, também é um dos donos da Raiar, fundada em 2020 e que começou a comercializar ovos orgânicos em maio de 2022, atendendo a um mercado que cresce a dois dígitos anualmente. 

O ovo orgânico, entretanto, representa 0,30% da produção da proteína no Brasil atualmente, enquanto nos Estados Unidos gira em quase 7% e em alguns países da Europa entre 20% e 30%. 

Isso também não é apenas um indicador do potencial de crescimento local da produção de ovos, que depende do abastecimento de grãos orgânicos para a alimentação das galinhas. Até porque há um mercado externo a ser explorado pelo País. 

“Os Estados Unidos, maiores exportadores de grãos junto com o Brasil, importam quase 1 milhão de toneladas de soja, milho e farelo de soja (orgânicos), e começamos a ver que a demanda dos americanos cresce mais rápido do que a capacidade de converter a lavoura”, exemplificou, citando que a Europa também tem uma cadeia produtiva mais desenvolvida, mas também importa. 

Segundo o fundador da Raiar, que atua na cadeia de grãos orgânicos como cerealistas e tradings fazem no mercado tradicional, dando suporte financeiro desde a compra de insumos, certificação e logística, é preciso “polinizar” o setor. 

Para isso, a empresa idealizou a rede Folio, de apoio a produtores de grãos e à pesquisa de orgânicos, que se encontra em fórum em Avaré (SP) na próxima quarta-feira, com convidados internacionais, como representantes das norte-americanas Perdue (produtora de proteína animal) e Gebana (comercializadora de grãos). 

Cuidar do solo 

“Vemos que o orgânico é a tecnologia para a agricultura do futuro, tudo o que vemos hoje de avanço na agricultura está alinhado com as práticas da agricultura orgânica que pregam que a primeira coisa para cuidar da lavoura é o solo”, disse. 

A agricultura orgânica, que preserva os microorganismos na terra, permite o desenvolvimento de plantas mais fortes, menos sujeitas a doenças, disse Barbieri, ponderando que há desafios em relação ao ataque de ervas daninhas, já que o setor de orgânicos ainda não desenvolveu técnicas ou herbicida que não seja químico. 

Originalmente, a cadeia produtiva de grãos orgânicos no Brasil estava mais concentrada no Estado do Paraná, mas a empresa busca fomentar produtores em São Paulo, onde está sua fazenda, além de Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais. 

As aves criadas pela Raiar, todas livres de gaiolas, estão distribuídas em uma área de 170 hectares em Avaré, onde a empresa já investiu R$ 100 milhões de um total de R$ 200 milhões estimados. 

A ideia é dobrar o número de galinhas alojadas até o final do ano que vem para 160.000 unidades, mas a fazenda tem espaço e estrutura industrial para lidar com até 700.000 aves, todas pastando livremente em ambiente que proporciona maior bem estar animal, também uma tendência forte na Europa diante das exigências dos consumidores. 

O faturamento estimado pela Raiar para 2023 é R$ 30 milhões. 

Fonte: Reuters 

Clique na imagem abaixo e confira na íntegra o Guia do Consumidor Orgânico da Sociedade Nacional de Agricultura:

Clique na imagem abaixo e confira na íntegra o Guia do Produtor Orgânico da Sociedade Nacional de Agricultura:

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