O Projeto por trás do arroz orgânico que é melhor para você e o planeta
O cereal do tipo perolado preto, desenvolvido ao longo de 12 anos em uma propriedade na Califórnia, produz mais e consome menos água. Há 12 anos, os criadores de arroz da Lundberg Family Farms cruzaram dois “pais” de plantas de arroz na esperança de melhorar o cultivo do arroz perolado negro.
O resultado está pronto para os consumidores após o cultivo de gerações e gerações de descendentes. Os primeiros rendimentos produzem todos os tipos de características diferentes em uma colheita. As estações de cultivo subsequentes ajudam a refinar isso em uma safra consistente.
O novo arroz perolado negro pode prosperar sob práticas orgânicas regenerativas. Trata-se de uma forma de agricultura que se concentra na saúde do solo e menos impacto ambiental. Além disso, tem um rendimento de colheita maior do que as iterações anteriores da Lundberg, com 25% mais arroz produzido por acre.
Com esse rendimento maior, a fazenda pode usar menos recursos como água. A característica é especialmente importante quando se trata de cultivar arroz, pois os campos são inundados para afogar as ervas daninhas.
É o mais recente cultivo a sair do viveiro de melhoramento de arroz da Lundberg Family Farms, que está comemorando seu 50º aniversário este ano. Também é um sinal de que o investimento da fazenda no melhoramento de arroz e na descoberta de variedades compatíveis com a agricultura orgânica regenerativa está dando resultado.
PESQUISA E RESULTADO
Variedades que começaram a ser cultivadas há mais de uma década agora estão começando a ficar prontas para os consumidores. Junto com o arroz pérola preta, a marca em breve terá novas variedades de jasmim vermelho e arbóreo.
“O que fizemos ao longo de 50 anos está realmente ganhando força”, diz Bryce Lundberg, vice-presidente de agricultura da Lundberg Family Farms. “E nosso compromisso em acelerar esse trabalho reflete a urgência que sentimos em torno da missão de cultivar arroz da mais alta qualidade usando práticas agrícolas orgânicas e regenerativas”, completa. O agricultor diz acreditar que “a saúde de nossos corpos e do nosso planeta depende disso.”
AGRICULTURA ORGÂNICA REGENERATIVA
A Lundberg Family Farms foi fundada em 1937 no Vale do Sacramento, na Califórnia. Antes de se mudarem para o Oeste, os avós de Bryce eram fazendeiros em Nebraska e vivenciaram o Dust Bowl. O desastre ecológico foi marcado por práticas ruins causaram erosão no solo, de modo que ele “simplesmente foi levado pelo vento”, diz.
“Os fazendeiros viram como práticas agrícolas negativas causam tais problemas ao solo.” Eles responderam mudando seus métodos de cultivo, como manter a palha nos campos após a colheita em vez de queimá-la.
A prática comum de queimar é uma maneira de se livrar de todo o material agrícola antigo em um campo e prepará-lo para uma nova colheita,. No entanto, causa sérios impactos ambientais, piorando a qualidade do ar e degradando o solo.
Só neste ano, um projeto de lei da Califórnia entrou em vigor proibindo quase todas as queimadas agrícolas como forma de limitar a poluição do ar.
MATÉRIA ORGÂNICA NO SOLO DO ARROZ
Em vez disso, os Lundbergs deixaram o solo reabsorver essa matéria orgânica. “Muitas pessoas disseram que isso não poderia ser feito, que o solo não absorveria essa palha”, diz Bryce. “E eu diria que, se você tem solo saudável, ele vai absorver. Se você tem solo vivo, ele vai absorver.”
Isso se tornou o ponto crucial da agricultura de Lundberg: deixar a terra melhor do que a encontraram. A saúde do solo é um aspecto crucial da agricultura orgânica e regenerativa.
A agricultura orgânica regenerativa inclui práticas como rotação de culturas de cobertura, pouco ou nenhum movimento de revolver o solo e evitar pesticidas e fertilizantes químicos.
ARROZ COM CERTIFICADO
Embora a Lundberg Family Farms tivesse esse ethos desde sua fundação, ela começou a cultivar organicamente de fato na década de 1960. Seus primeiros produtos com certificação orgânica regenerativa foram lançados em 2023 — embora os Lundbergs não tenham precisado mudar suas práticas para se tornarem certificados.
Esse programa de certificação foi criado pelo Rodale Institute, que recentemente recebeu financiamento da organização sem fins lucrativos Holdfast Collective da Patagonia.
A Lundberg Family Farms se concentra no arroz (embora também venda quinoa e produtos como bolos de arroz e xarope). A meta é ter seu arroz orgânico certificado como orgânico regenerativo até 2027. Mais de 99% já cumprem esse objetivo.
NADA DE HERBICIDA
Ainda assim, a fazenda continua a inovar com seu viveiro para cultivar arroz que pode suportar as mudanças climáticas e contribuir com menos danos ambientais. Em vez de usar herbicidas, a fazenda inunda seus campos com água para afogar as ervas daninhas. Em seguida, as seca por 30 dias para matar as ervas daninhas aquáticas.
É essa abordagem dupla que é única, porque a maioria das fazendas de arroz convencionais inundam seus campos continuamente.
Mas esse método também apresenta alguns desafios. Ele exige o uso de variedades de arroz que podem crescer rápido na água para superar as ervas daninhas. Elas também podem suportar a fase seca e quente, além de ter um rendimento alto o suficiente para atender à demanda do consumidor.
MENOS EMISSÕES DE GEE
Essa abordagem dupla tem vários benefícios. Campos inundados se tornam um habitat para aves aquáticas e peixes, enquanto o período seco conserva água e produz menos emissões de gases de efeito estufa (GEE) do que uma inundação contínua.
Suzanne Sengelmann, diretora de crescimento da Lundberg, diz que suas fazendas abrigam mais de 200 espécies. “Nós inundamos os campos no inverno para a Pacific Flyway,. Bilhões de pássaros vêm [lá para] descansar.”
É uma relação simbiótica também, acrescenta Suzanne, porque os pássaros ajudam a fertilizar o solo. “Se você deixar a natureza fazer o que ela deve fazer, você acaba com um solo mais saudável.”
Pesquisadores da Universidade da Califórnia estudaram as práticas da Lundberg Family Farms. Eles descobriram que seu método de controle de ervas daninhas reduz as emissões de GEE em 49%, em comparação com a inundação contínua de campos de arroz.
Os defensores da agricultura orgânica regenerativa dizem que implementar essas práticas — e deixar de lado os danos da agricultura convencional — é crucial para a saúde do nosso planeta.
SAUDÁVEIS PARA OS CONSUMIDORES
A agricultura orgânica regenerativa também tem outro benefício: alimentos cultivados com essas práticas favoráveis ao solo também são mais saudáveis para os humanos, segundo pesquisas. A densidade de nutrientes é algo que o viveiro da fazenda também busca.
O arroz preto em particular é cheio de antioxidantes. A nova variedade da empresa “tem um dos farelos mais escuros que já vimos”, diz Bryce Lundberg, o que significa que é especialmente rico em antioxidantes.
Se os clientes não forem atraídos pelos benefícios ambientais deste arroz, a empresa espera que o benefício nutricional valha a pena pagar um pequeno prêmio. O arroz pérola preta orgânico regenerativo custa US$ 5,99 o quilo.
“Estamos constantemente atualizando… porque no final do dia, do ponto de vista do consumidor, todos nós nos importamos com o planeta, mas é pessoal o que você está colocando em seu corpo”, diz Sengelmann.
Ainda segundo Lundberg, “em termos de densidade de nutrientes e ausência de herbicidas, isso tende a ser o que realmente faz os consumidores quererem pagar um ou dois dólares a mais.”
AJUDA DO GOVERNO
Mesmo com esse novo lançamento e mais variedades de arroz por vir, a Lundberg ainda planeja inovar para produzir melhor arroz. Ela investe meio milhão de dólares em seu viveiro todo ano. Em 2024, recebeu uma doação equivalente de US$ 3 milhões do Departamento de Agricultura dos EUA para desenvolver seus produtos orgânicos regenerativos.
Embora essas doações estejam agora suspensas — e o destino das doações governamentais em geral não esteja claro sob a administração Trump (especialmente aquelas que mencionam termos climáticos) —, Sengelmann diz que a fazenda ainda está avançando para investir seus próprios US$ 3 milhões nessa meta. “Continuaremos fazendo isso”, diz, “porque é o que sempre fizemos”.
COMO O TEMA É TRATADO NO BRASIL
No Brasil, ainda que as produções baseadas na agroecologia, como a da propriedade californiana Lundberg, ainda não sejam mais bem remuneradas pelos compradores do que as obtidas com a agricultura convencional – os chamados ‘prêmios’-, o mercado financeiro costuma ter um olhar apurado.
Como lembra Caroline Salla Perestrelo, head de Agro-corporate do Santander, a legislação brasileira já coloca a atividade no campo sob escrutínio. É o caso do Cadastro Ambiental Rural (CAR), um registro público eletrônico obrigatório para todos os imóveis rurais do Brasil que funciona como instrumento do Programa de Regularização Ambiental (PRA).
No caso do Santander, o rating socioambiental aplicado à avaliação de crédito existe há pelo menos 20 anos. É um critério que ajuda na análise da qualidade do risco ambiental. Há produtores que não passam por esse crivo quando o banco entende que há lacunas em relação às boas práticas. “Se houver alguma situação de não conformidade, haverá dificuldades”, salienta Caroline.
Ainda segundo a head de Agro-corporate do Santander, as iniciativas ambientais ligadas ao campo podem servir como uma espécie de poupança. “Tem de fazer (a poupança) agora porque, no futuro, a conta pode checar.”
O fato é que vemos hoje uma série de movimentos que vão além. A executiva cita iniciativas como o bem-estar animal com a disponibilidades de sombra (normalmente via agroflorestas), as placas solares para as aves (com a redução do consumo de energia) e o crescente uso de biológicos, exemplifica.
“O agro nasce no meio ambiente. Quem não tiver esse compromisso vai ter dificuldade de perdurar. Muitos estão olhando para essa direção e vemos clientes com trabalhos impecáveis, por exemplo, na cultura do café, do arroz e de suínos, com o uso de biodigestores”, aponta a executiva do Santander. (com FAST COMPANY BRASIL).
fonte : Fast Company Brasil
Clique na imagem abaixo e confira na íntegra o Guia do Produtor Orgânico da Sociedade Nacional de Agricultura:
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Tags: Agricultores, agricultura agroecológica, agricultura familiar, arroz, arroz orgânico, Cultivo.
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