Oportunidades no mercado orgânico brasileiro

Sylvia Wachsner, coordenadora do Centro de Inteligência em Orgânicos, detalha o mercado nacional de orgânicos, apontando riscos e oportunidades de negócios para produtores, e denuncia a falta de transparências dos dados divulgados pelo governo brasileiro sobre a produção orgânica no país
Na palestra “Twitando sobre o Mercado Orgânico”, realizada durante a última edição do Green Rio, Sylvia Wachsner descreveu o cenário do mercado de orgânicos do país, considerando o reenquadramento do Brasil na economia mundial. Segundo ela, o crescimento econômico do país, despertou a atenção internacional, fazendo do Brasil um foco de investimentos estrangeiros.
Wachsner considerou dois possíveis cenários de mercado nos próximos anos. O primeiro admite que, com a realização de grandes eventos no país, a exemplo da Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016, o produtor brasileiro terá boas oportunidade de negócios. Porém, lembrando a necessidade de se preparar para isso. O segundo cenário leva em conta a globalização do mercado interno, isto é, a entrada de produtos estrangeiros fazendo frente aos orgânicos nacionais. “Será um desafio para o produtor nacional”, afirma Wachsner, destacando aspectos que devem ser reavaliados “qualidade, produção, logística e distribuição”.
A coordenadora do CI Orgânicos também falou sobre o aumento da obesidade no Brasil. Citando dados do IBGE, ela afirmou que 40% da população tem excesso de peso, e que 10 milhões de brasileiros são considerados obesos. Segundo Wachsner, “os orgânicos podem ser uma resposta às doenças”, logo, uma grande oportunidade de negócio, pensando na segurança alimentar.
Ela também destacou as alternativas de comercialização dos produtos orgânicos. De acordo com a coordenadora, os programas governamentais que fomentam a entrada de alimentos orgânicos na merenda escolar são um ótimo negócio. Além disso, a venda direta, em feiras, são um meio do “produtor fugir das altas margens de lucro praticadas pelo varejo”.
“Por que não facilitar a vida de consumidores e produtores?”. Com esta indagação Sylvia Wachsner aproveitou para cobrar das autoridades governamentais responsáveis, maior transparência no cadastro nacional de produtores orgânicos. Além disso, apontou o desencontro de informações, entre o cadastro disponibilizado pelo governo e as planilhas das certificadoras, e a ausência de atualização desse mesmo cadastro.
Falta de estatísticas de exportação, demora na aprovação de insumos orgânicos, e lentidão no processo de regulamentação das sementes orgânicas, foram outras das reivindicações feitas pela Coordenadora do CI Orgânicos. Segundo ela, essa falta de informações e de vontade de políticas atrapalha a agregação de valor ao produto orgânico, comparando ao sucesso do setor do nosso vizinho, Peru.
Na palestra, deu-se destaque para a responsabilidade do consumidor. Segundo Sylvia, é papel do consumidor fiscalizar, e cobrar. “Vejam as embalagens, vejam quem é o produtor. Confiram se tem ou não o selo orgânico”, alerta. “Nós consumidores devemos consumir alimentos responsavelmente”.
Ela aproveitou para lembrar que os orgânicos tem um papel essencial na sustentabilidade. “É uma produção sustentável e limpa, que nós temos que apoiar”. Lembrou que os orgânicos economizam recursos naturais, como a água e solo, e preservam a saúde de agricultores e consumidores, por serem livres de agrotóxicos, e também respeitam o bem-estar animal.
Clique na imagem abaixo e confira na íntegra o Guia do Consumidor Orgânico da Sociedade Nacional de Agricultura:
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