Produção de leite de búfala orgânico no Rio de Janeiro

Ao comprar uma fazenda abandonada há quase uma década, a arquiteta Josefina Durini não imaginava que a propriedade, um dia, ganharia o destaque que tem hoje. “Somos os únicos produtores de leite de búfala orgânico no Estado do Rio de Janeiro e uma das poucas fazendas produtivas que recebem turistas, aonde as refeições dos visitantes vêm da nossa produção orgânica”, conta a dona da Fazenda Alliança Agroecológica, no município de Barra do Piraí.
O trabalho dela foi árduo, pois teve de refazer tudo, praticamente do zero: “Começamos melhorando os solos, remineralizando, colocando cercas, etc. Tive de restaurar a sede e construir a ordenha e os apriscos, entre outras atividades”.
A produtora rural lembra que, desde o começo, a missão era ter uma fazenda com certificação orgânica, “produtora de alimentos sadios”, segundo ela. “Somos certificados orgânicos pela Ecocert há seis anos, únicos certificados orgânicos de leite de búfala do Rio e um dos poucos do Brasil”, reforça Josefina, que toma conta da fazenda sozinha, porque o marido trabalha na capital do Rio e a única filha do casal está na universidade.
O INÍCIO
Quando iniciou suas atividades no setor pecuário, a fazenda produzia somente leite de vacas da raça Jersey. Infelizmente, logo Josefina percebeu que o animal se adaptou mal ao sistema orgânico da região de Barra do Piraí. Por causa disso, começou a comprar búfalas.
“Foi assim que percebemos que esse era o gado mais apropriado para nossa região e condizente com a nossa visão agroecológica. Agora, o leite de búfala é nosso carro-chefe”, destaca a produtora, em entrevista à equipe SNA/RJ.
Na Fazenda Alliança Agroecológica, além de 150 a 200 cabeças de búfalas, ainda há carneiros, animais de granja e porcos para consumo próprio. “Para venda, temos os produtos da horta e os pomares orgânicos. No ano de 2017, lançaremos uma linha própria de subprodutos da horta e pomar. Também começamos a recuperar o café abandonado e a plantar mais mudas de café arábica.”

PRODUÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO
Segundo Josefina, a produção de leite de búfala orgânico ainda é pequena: 200 litros por dia, o equivalente a duas ordenhas diárias: “Em dois anos, nosso objetivo é chegar a 400 litros por dia. Por enquanto, vendemos nosso leite para um laticínio da região, que fornece os subprodutos para os supermercados e restaurantes do Rio de Janeiro”.
Na opinião da produtora rural, de modo mais amplo, a produção orgânica vem crescendo no Brasil, no entanto, a de leite orgânico ainda é muito pequena no país: “Umas das razões é a dificuldade, em si, de produzir esse tipo de leite; outra é a pouca quantidade de laticínios que pagam adequadamente pelo produto”.

CERTIFICAÇÃO
Para receber a certificação de fazenda orgânica, Josefina conta que todas as iniciativas tomadas desde o início, como o melhoramento do solo, foram feitas com produtos devidamente aprovados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), por meio, principalmente, da adubação verde e com vermicomposto produzido na mesma propriedade rural.
“Sobre a nutrição do gado, no que diz respeito a toda alimentação das búfalas, somos nós que produzimos na fazenda, como a cana, o capim, o milho, o sorgo. Nunca compramos ração de fora.”
Com o intuito de também garantir o bem-estar do gado, ela ressalta que “sempre tem sombra e água fresca para os animais beberem, além de outro benefício muito importante para as búfalas: lagos para tomarem banho”. “Os animais são sempre tratados com homeopatia, sem hormônios e antibióticos”, acrescenta Josefina.
Para a fazendeira, a certificação da Ecocert, com certeza, mudou completamente a história da Alliança: “A certificação dá um selo de garantia, que é muito importante para nosso consumidor”.
TURISMO RURAL
O espaço no campo, além da produção orgânica de leite de búfala, das hortas e dos pomares, está aberto ao turismo rural. “O turismo é uma atividade muito recente da fazenda e, por isso, ainda é cedo para quantificar quantas pessoas já recebemos. Estamos situados em uma área de turismo histórico do Rio”, informa.
Na visão de josefina, o grande valor agregado da fazenda é mesmo a produção agroecológica: “Queremos que o visitante (geralmente, pessoas mais idosas) possa conhecer e se deleitar com nossa gastronomia, feita com nossa matéria-prima orgânica”.

Para agendar visitas, o interessado pode enviar um e-mail para contato reservas@fazendaallianca.com.brou pelo telefones 21 7893-4575 / 24 99967-9709 (Whatsapp) / 24 98108-8474. Para mais informações, acesse www.fazendaallianca.com.br.
Fonte: equipe SNA/RJ
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