
Ecocitrus
A Ecocitrus (Cooperativa dos Citricultores Ecológicos do Vale do Caí) foi fundada oficialmente no dia 2 de novembro de 1994, por 15 sócios-fundadores. Inicialmente constituída como associação, os quinze idealizadores que precursionaram esse trabalho acreditavam que outro tipo de agricultura era possível na região do Vale do Caí: sem agrotóxicos, preservando a saúde do planeta e de cada consumidor. A agroecologia foi o que impulsionou a criação da Ecocitrus – e permanece viva até hoje na filosofia da entidade.
Pioneiro no plantio em harmonia com a natureza
A natureza é perfeita, se desenvolvendo em simbiose de espécies e troca de energias astrais. O ‘homem’ não precisaria ter mudado nada, e ainda conseguiria com sucesso tirar dela seu sustento. Ele está aprendendo essa lição com duras penas, e aos poucos retornando as suas origens, com práticas de manejo e plantio ecológico, orgânico e em ciclos ou consorciados.
Na comunidade do Faxinal em Montenegro, Luis Carlos Laux dedicou parte dos seus anos à ‘curar a terra’. Ele é uma referência no sistema de Agrofloresta, que consiste na parceria entre árvores nativas e a plantação, neste caso, de pomares de citros. Há muitos anos, a propriedade da família serviu ao cultivo de Mandioca para abastecer a tafona do avô Carlos Osvaldo Laux, em Pinheiros. O solo na região é arenoso, mas serviu aquele propósito. A mudança desta característica foi alcançada justamente com a contribuição da Agrofloresta.
A citricultura foi implantada por seu pai Cláudio Laux, há cerca de 50 anos. Ele também foi pioneiro na agricultura sem veneno e adubação química; sendo, inclusive, a certificação número 1 do Estado de agricultura orgânica. “Temos certificado de propriedade orgânica desde 1994”, atesta Carlos Laux. Motivo de orgulho, as três primeiras do Rio Grande do Sul foram emitidas para Montenegro, com Ildo Kattermann e Ademar Henz ao lado dos Laux.
Luis Carlos – que toca a propriedade ao lado da irmã Carla Adriane – explica que muitos outros já estavam nesta pegada ecológica, mas não tinham passado por auditoria e recebido certificado, ou tinham certificação “participativa”, ligados a entidades ou grupos com métodos saudáveis de cultivo. Hoje a produção dos Laux é vendida para a Ecocitrus e à Rede Ecovida, dentro do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae).
O poder radicular das árvores nativas
“As árvores funcionam como uma bateria solar”. Laux se refere ao ciclo natural – sem invenção humana – no qual as folhas e galhos absorvem a energia do sol, para depois caírem. Nesta nossa missão, se transformam em adubação (húmus), além de criar uma cobertura protetora no solo.
E existe método sim na Agrofloresta! O citricultor explica detalhes que precisam ser observados; como a associação das variedades de citros “do cedo” com arvoredo de copa menor ou que sejam mais baixas, reduzindo a incidência de sombra. Para as “do tarde”, o método é o contrário, com mais garantia de proteção.
A propriedade inteira é, na verdade, um grande jardim, com Canafístula, Timbaúva, Ipê, Coqueiro Jerivá e arbustos de flores em sintonia com frutíferas, em um projeto de paisagismo que, inclusive, observa a circulação de correntes de vento. Borboletas, insetos, Tatus e pássaros são livres e fundamentais ao sistema.
Fundamental também são os poderes do radicular profundo destas árvores nativas, e um destes justamente em relação ao solo arenoso do Faxinal. Laux explica que as raízes trazem o Potássio do subsolo, algo que o radicular superficial dos citros não consegue. Este elemento fica depositado nas folhas, que depois caem para enriquecer o solo, dispensando aplicação química de Potássio, mudando a característica da terra.
“Todos nós temos responsabilidades”. O agricultor e biólogo usa o exemplo das enchentes para explica que a terra “pelada” no campo perde sua capacidade de absorção da água da chuva. Desde o relevo até córregos, sobrecarregando os rios nas cidades. Um ‘solo seguro’ reduz ainda os efeitos das estiagens, ao segurar por mais tempo água na terra. Tudo interligado em uma perfeição ancestral, dinâmica e eficaz para garantir comida saudável a todos.
Conhecimento empírico do trabalhador rural
Em 1998, durante evento de citricultura orgânica em São Paulo, Laux conheceu o conceito de Agricultura Biodinâmica. Um sistema complexo, que sob seu guarda-chuva abriga diversas formas de plantio, inclusive a Agrofloresta. Mas a implantação desta no Faxinal aconteceu de fato em 2002, com base em conhecimento empírico.
A agricultura orgânica exige que as propriedades mantenham fronteiras de mata nativa (bordadura) como forma de impedir que o vento arraste inseticidas de plantações vizinhas. A família observou, então, que nestas bordas dos pomares não havia ocorrência da praga da “Pinta Preta” nas frutas.
A conclusão foi evidente, a respeito da contribuição do sistema consorciado entre mato e lavoura. “Pra mim tem vários benefícios”, assinala, destacando a resiliência das plantas. As árvores nativas, frutíferas ou não, geralmente mais frondosas, protegem as bergamoteiras da geada forte, dos temporais, granizo e do sol escaldante; além de garantir energia no solo.
Fonte: Jornal IBIA
Clique na imagem abaixo e confira na íntegra o Guia do Consumidor Orgânico da Sociedade Nacional de Agricultura:
Clique na imagem abaixo e confira na íntegra o Guia do Produtor Orgânico da Sociedade Nacional de Agricultura:
Tags: agricultura biodinâmica, agrofloresta, bergamota orgânica, Ecocitrus, Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), Rede Ecovida.
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