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Manual de Pecuária Orgânica: Ruminantes

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Rio, 18 de setembro de 2024.

Este Manual faz parte de uma série sobre os animais criados em sistemas orgânicos de produção agropecuária, regulamentados pela legislação brasileira. Apesar do sistema orgânico de criação de animais estar em crescimento no nosso país e no mundo, ainda é carente de informações técnicas específicas.

Este Manual não se propõe a ensinar como fazer, e sim informar o que é proibido, o que é obrigatório e o que é recomendado para pequenos, médios e grandes criadores. Para conhecimento de todos os detalhes, recomendamos a leitura da legislação que pode ser acessada na página do MAPA. Outra boa fonte de informações complementares é o Portal Animais Ecológicos, do Instituto do Bem-Estar (IBEM), www.ibem.bio.br incluindo uma biblioteca online especializada e gratuita. Recomendados também a leitura do Guia de Transição à Pecuária Orgânica, que apresenta, de forma resumida, a sequência de etapas para uma boa transição do sistema convencional de criação de animais para o sistema orgânico. E para os interessados na criação de aves em sistema orgânico indicamos o Manual de Avicultura Orgânica.

Quando o objetivo é a produção e comercialização de carne, leite ou até couro e lã orgânicos certificados, todos os detalhes devem atender exatamente o estabelecido pela legislação brasileira de produção orgânica, além das normas sanitárias dos Serviços Veterinários Oficiais. Para melhor compreensão, os capítulos deste Manual seguem a estrutura proposta pela Portaria 52/2021 do MAPA em seus requisitos gerais: Documentação, Conversão, Bem-estar animal, Nutrição, Ambiente da Criação e Sanidade.

Estamos muito motivados a contribuir para suprir esta lacuna, através da feliz parceria entre a Universidade Federal do Rio Grande do Sul e o Instituto do Bem-Estar, com o apoio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) e a colaboração de vários especialistas. Abordaremos aqui as normas de produção orgânica com ênfase nos principais ruminantes criados no mundo e no Brasil: bovinos, ovinos, búfalos e caprinos.

A todos os envolvidos na elaboração deste Manual, registramos aqui o nosso agradecimento. Estamos vivendo um período onde a pecuária está sendo acusada de causar problemas ambientais, de ser cruel com os animais e que, portanto, a solução seria o consumo de alimentos de base vegetal, de células cultivadas em laboratório ou, ainda, de farinha de insetos. Na verdade, abordagens simplificadas e resumidas que não avaliam a importância destes animais, que estão no planeta há milhões de anos realizando importantes e essenciais serviços ecossistêmicos em diversos biomas.

A simbiose dos herbívoros e humanos foi constatada desde 8.000 a.C devido à uma série de benefícios que proporcionam. Em pastagens, fornecem uma gama enorme de serviços ambientais tais como a captura do carbono pela fotossíntese das pastagens, reciclagem da biomassa e produção de dejetos que fertilizam o solo, favorecendo as culturas vegetais e os animais silvestres, incluindo os polinizadores. Além disso, o solo fertilizado pelos dejetos é mais poroso, o que facilita a absorção da água da chuva, favorecendo os vegetais e a vida silvestre em geral, bem como o abastecimento dos aquíferos.

Importante entender que as afirmativas contra a pecuária ocorrem porque a maioria dos estudos que indicam problemas foram efetuados em animais confinados, criados de forma intensiva e alimentados com grãos na Europa e Estados Unidos. Bem diferente do gado criado ao ar livre em biomas pastoris como no Brasil e outros países, onde as pastagens para crescer, após o pastoreio dos animais, capturam o carbono para a fotossíntese. Por isso, o conjunto do gado em pastagens tem saldo final de captura e armazenamento de carbono.

Aliás, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) vem se manifestando bastante sobre o tema. Em publicação de 2019, já afirmava que, embora o gado represente um contribuinte significativo para as emissões de gases de efeito estufa, o setor pecuário tem o potencial de reduzir suas emissões por meio do sequestro de carbono do solo em pastagens. Recentemente, em fevereiro de 2023, a FAO publicou a primeira avaliação mundial do carbono no solo e concluiu que há um aumento de sua captura pelo pastoreio rotativo dos animais nas pastagens. O documento afirma: “Melhores práticas de manejo em pastagens, usadas especialmente para animais de pasto, podem aumentar a capacidade dos solos de atuar como sumidouros de carbono e ajudar os países a atingir suas metas climáticas’. O texto conclui que “Depois dos oceanos, os solos representam o segundo maior reservatório de carbono da Terra e desempenham um papel importante nas mudanças climáticas globais devido à grande quantidade de carbono que atualmente armazenam em sua matéria orgânica.”

Para Thanawat Tiensin, Diretor da Divisão de Produção e Saúde Animal da FAO, “Avaliar o estado atual dos sistemas de pastagens e seu potencial de sequestro de carbono no solo é fundamental para entender melhor os benefícios dos serviços das pastagens do gado para segurança alimentar, conservação da biodiversidade e mitigação das mudanças climáticas”.

O texto conclui que a pecuária é fator-chave para o desenvolvimento sustentável da agricultura e contribui para a segurança alimentar, nutrição, alívio da pobreza e crescimento econômico em diversos países.

Em outra publicação, também de 2023, a FAO se manifestou afirmando que os herbívoros têm a capacidade de transformar pasto e vegetal em alimentos de alta qualidade nutricional, contendo proteínas de qualidade, ácidos graxos essenciais e várias vitaminas e minerais, além de também fornecem couro, lã, fertilizantes, energia e tração. E, dessa forma, combatem a fome e geram subsistência e renda para milhares de pessoas em todo o mundo. Além disso, se adaptam a diversas temperaturas e às mudanças climáticas em curso.

As políticas ambientais deveriam ser capazes de reconhecer o potencial da pecuária orgânica e de base ecológica na mitigação das mudanças climáticas e desenvolver programas apropriados que permitam usar de forma eficiente sua capacidade de redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE), sequestro de carbono e geração de biomassa para fertilizar os solos. Isso tudo sem falar na geração de alimento, trabalho e renda para milhares de pessoas no Brasil e no mundo.

Em resumo, é importante entender que as críticas não devem ser dirigidas aos animais, e sim aos sistemas de produção utilizados. Gado criado em confinamento, alimentado a base de grãos, embora libere menos metano na digestão, tem saldo final de liberação de carbono, pois não está em pastagens que poderiam capturar o carbono. Além disso, esses animais se alimentam de grãos cultivados com uso de insumos derivados do petróleo, tais como fertilizantes nitrogenados que, em contato com o oxigênio, produzem o óxido nitroso, que tem um impacto muito maior que o metano no aquecimento global, lembrando, ainda, que são transportados por longas distâncias, gerando a queima de combustíveis fósseis, além da liberação de metano pelo acúmulo de dejetos.

Por todos esses motivos, entendemos que a pecuária orgânica e/ou de base agroecológica deve ser amplamente adotada e incentivada principalmente na América do Sul, onde temos condições ideais para o gado: extensas áreas, água e vegetação em abundância, temperatura amena e mão de obra abundante.

Clique na imagem abaixo e confira o Manual de Pecuária Orgânica: Ruminantes da UFRS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Fonte: UFRS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Clique na imagem abaixo e confira na íntegra o Manual de Pecuária Orgânica da Sociedade Nacional de Agricultura:

Clique na imagem abaixo e confira na íntegra o Guia do Produtor Orgânico da Sociedade Nacional de Agricultura:

Aproveite para conhecer o Canal CI Orgânicos, apoiamos a cadeia de produção de alimentos e produtos orgânicos, desenvolvendo e divulgando materiais de interesse de produtores e consumidores.

Clique na imagem abaixo e confira a publicação Como Produzir Milho Orgânico? da Sociedade Nacional de Agricultura:

Clique na imagem abaixo e confira na íntegra o Guia do Consumidor Orgânico da Sociedade Nacional de Agricultura:

Clique na imagem abaixo e confira na íntegra o Como Produzir Goiaba Orgânica? da Sociedade Nacional de Agricultura:

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