Sementes do Cerrado: Versando e Colorindo

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Para ser coletor de sementes é preciso, antes de tudo, ter um olhar atento: observar as flores que se transformarão em frutos, enxergar as sementes que crescem entre folhas e galhos, acompanhar com paciência o tempo de maturação de cada planta. A coleta das sementes mobiliza a atenção, o cuidado e o afeto de quem as coleta. Coletar significa perceber que o fruto do tamboril é roxo e o da sucupira é amarelo, e que algumas sementes são leves para voar com o vento, enquanto outras são pesadas e duras para não serem mastigadas pelos animais. Coletando se percebe que de cada semente brota o mato, brota a vida, brota uma oportunidade: a de ter fonte de renda, a de manter o Cerrado de Pé, a de permanecer no território e a de ser protagonista dessa e de muitas histórias.

A publicação Sementes do Cerrado: Versando e Colorindo reúne poemas e desenhos criados por crianças e adolescentes das famílias de coletores de sementes da Associação Cerrado de Pé. Essas criações surgiram em oficinas inspiradas no encantamento npelas sementes e pelas sutilezas que elas mobilizam em cada coletor. Assim, esta publicação nos apresenta as sementes e plantas do Cerrado através de um olhar sensível, poético, didático e pedagógico, que se soma ao olhar acadêmico e científico com o qual estamos habituados.

A publicação também conta com notas escritas pelas professoras Josélia e Joverci, que são mulheres quilombolas Kalunga do Vão do Moleque e fazem parte das famílias de coletores de sementes. As notas apresentam saberes populares sobre as plantas do Cerrado e seus usos tradicionais no território. Além de trazerem uma riqueza de detalhes sobre a cultura local e a percepção da comunidade sobre a natureza, as notas evidenciam a expressão linguística do povo quilombola Kalunga, que é marcada pela tradição da oralidade e por um vocabulário próprio. Assim, no decorrer da publicação as notas se somam aos desenhos e poesias criados pelos jovens durante as oficinas
realizadas na comunidade.

Como criança e artista que somos quando nos permitimos vir a ser, aproveite as páginas desta publicação para se encantar. A nossa luta precisa ser também afetiva, e é preciso convocar a ideia do afeto como uma potência de criação de mundo, como diria Ailton Krenak. O encantamento preenche de sentido o nosso fazer, alimenta os nossos
sonhos por um futuro ancestral e nos dá força para seguirmos resilientes na luta pela sociobiodiversidade do Cerrado.

A atividade foi idealizada e coordenada por Bruna Braz, e é uma das ações do projeto Sementes do Cerrado: Germinando o Futuro de Comunidades Locais, realizado com o apoio do Instituto Sociedade População e Natureza (ISPN). A oficina de poesia foi ministrada por Sabiá Canuto, e a desenho por Luana Santa Brígida, que também foi responsável pelo projeto gráfico da publicação. As atividades também contaram com a presença de Augusto Niemar, poeta e professor de Literatura da Universidade de Brasília.

A publicação Sementes do Cerrado está disponível de forma impressa e digital. Além disso, os desenhos e poemas também estamparam camisetas que serão distribuídas para os coletores de sementes e comercializadas na lojinha da Cerrado de Pé, valorizando ainda mais as criações dos jovens das comunidades.

Clique na imagem abaixo e confira a publicação na íntegra:

Fonte: Associação de Coletores de Sementes da Chapada dos Veadeiros

Clique na imagem abaixo e confira na íntegra o Guia do Produtor Orgânico da Sociedade Nacional de Agricultura: