Com demanda por ovos orgânicos em alta, Raiar dobra número de aves
Eles nunca tinham criado uma galinha na vida e, em dois anos, tornaram-se donos de uma granja com 160.000 aves. E o número de galinhas poedeiras alojadas pela Raiar Orgânicos, empresa fundada pelos sócios Marcus Menoita, Leandro Almeida e Luís Barbieri, continua aumentando rapidamente. Dobrou em relação ao ano passado e pode chegar a 700.000 até o fim de 2025.
Também o faturamento deve dobrar, estima a empresa. Deve fechar este ano em R$ 25 milhões e saltar para R$ 50 milhões em 2024.
O crescimento da Raiar responde a uma ávida demanda pelos ovos orgânicos, que supera em três vezes a produção atual, segundo o CEO, Marcus Menoita. Ele acredita que a busca por alimentos produzidos sem uso de agrotóxicos, a preocupação com o bem-estar animal e a mudança nos padrões de consumo vão revolucionar o setor de ovos.
“O sistema de manejo que nos trouxe até aqui, de criação em gaiolas, não é o que nos levará ao futuro. O que fizemos foi nos antecipar a essa transformação”, disse Menoita, em entrevista à reportagem.
Em uma sala de reunião no escritório da Raiar na Vila Madalena, Zona Oeste da capital paulista, o empresário deslizou uma folha de sulfite com alguns gráficos e tabelas impressos. “Dez em cada dez avicultores vão dizer que isso [os números na folha] é papo furado”, brincou.
A empresa concluiu uma análise de desempenho de 20.000 galinhas alojadas em julho de 2021. O Diretor de Operações Leandro Almeida disse que enquanto aves criadas em gaiolas produzem por, em média, 90 semanas antes de começarem a perder rendimento, alguns animais da Raiar chegaram a quase 100 semanas com boas produtividades.
Além disso, as aves criadas livremente, sem uso de antibióticos para induzir crescimento e alimentadas com milho orgânico, colocaram um ovo em 87,50% dos dias que passaram em produção, acima da média de 86,60% do mercado. No fim, essas galinhas acabaram produzindo cerca de 444 ovos ao longo da vida, acima dos 409 das aves criadas em gaiola, segundo a análise.
A Raiar também reduziu de 16% (a média nacional) para 8,20% o volume de ovos de baixa qualidade produzidos a partir da 80ª semana da galinha. Geralmente, esses ovos acabam indo para processamento, são vendidos em mercados menos exigentes ou, até mesmo, são jogados fora. “Tem gente que associa o ovo orgânico a algo hippie, feio. Provamos que não”, disse Almeida.
Segundo Menoita, os números da operação são o segundo passo dos três necessários para consolidar a companhia, o primeiro foi a resposta do consumidor. “Diziam que as galinhas ficariam doentes, que íamos perder ovos. Um monte de nãos em várias línguas. Agora, o que era uma apresentação de Powerpoint que a gente usou para levantar capital, são dados”, disse.
A empresa busca agora expandir o negócio porque escala é o terceiro pilar para consolidar a primeira fase planejada pelo trio. Quando desenharam o “Projeto Ovos”, eles previram um investimento total de R$ 200 milhões, dos quais metade já foi aportada.
A ambição é chegar a 2 milhões de galinhas alojadas em aproximadamente sete anos. “Acredito que pode ser em bem menos tempo”, estimou um entusiasmado Menoita. O número ainda seria uma fração mínima em relação ao total de 200 milhões de poedeiras no País, mas posicionaria a Raiar como a melhor opção para investidores quando o consumidor virar de vez para o consumo de ovos orgânicos, na avaliação do empresário.
Atualmente, a Raiar tem 31 sócios investidores pessoas físicas, e está no mercado, numa nova rodada de investimentos, para captar entre R$ 40 milhões e R$ 50 milhões. Desta vez, além de pessoas físicas, a operação para aumento de capital está aberta também a fundos de investimentos. Segundo Menoita, os aportes devem chegar a partir de janeiro.
Instalada em Avaré, no interior de São Paulo, a Raiar comercializa os ovos que produz em São Paulo, Espírito Santo, Goiás, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, em grandes varejistas como Carrefour, St Marché, Oba e Natural da Terra.
Fonte: Globo Rural
Raiar Orgânicos faz parte da Rede OrganicsNet, projeto da Sociedade Nacional de Agricultura, baseado em colaboração e informação que tem por objetivo o desenvolvimento e a ampliação do mercado de orgânicos, e que promove a integração e a comunicação entre produtores, empreendedores, pesquisadores e consumidores: