Orgânicos quadruplicam produção em 10 anos
Na última década, a produção nacional de alimentos orgânicos, livres de fertilizantes sintéticos, defensivos químicos, sementes transgênicas ou alto volume de mecanização nas atividades, quadruplicou. São cerca de 25.000 agricultores certificados no País, segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária, que juntos movimentaram R$ 6.9 bilhões (US$ 1.33 bilhão) em 2022. O mercado global é estimado em US$ 97 bilhões, segundo a Federação Internacional de Movimentos da Agricultura Orgânica.
Apesar do aumento significativo do número de produtores, eram apenas 5.106 há 14 anos, há muito o que expandir, seja pela demanda por uma agricultura mais sustentável, que provoque menos impacto ao meio ambiente, seja pela mudança de comportamento das novas gerações, adeptas da alimentação mais saudável e natural. “O Brasil vem avançando, mas poderia avançar bem mais pelo potencial e pela demanda”, indica Cobi Cruz, Diretor-Executivo da Associação de Promoção dos Orgânicos.
Pesquisa realizada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em parceria com a Universidade de Tecnologia Federal do Paraná, destaca que apenas 1,28% das áreas de cultivo são ocupadas por orgânicos, com predominância de produção vegetal, com 36.600 propriedades, seguida da produção animal, com 17.600. Outras 10.300 têm tanto vegetais quanto produção animal orgânica. O País tem bolsões de cultivo importantes, entre eles Bahia (cacau), Amazônia (açaí) e Paraná (erva-mate e hortifrúti). Entre os produtos mais exportados estão açúcar, frutas, castanhas e grãos, que são exportados para mais de 50 países.
“A maioria é tocada por pequenos e médios produtores, que carecem de incentivos, apoio técnico para aumentar a produtividade, capacitação e garantia de compra”, disse Cruz. Segundo ele, quando a cadeia de fornecedores funciona, os resultados aparecem. “O Brasil é o maior exportador de acerola orgânica, com produções concentradas no Ceará e em Pernambuco. A liderança na produção de arroz orgânico na América Latina é do MST em seus assentamentos”, destaca.
Com uma produção de 30.000 toneladas em 2023, entre soja (a metade), milho, canola, feijão, trigo, aveia, girassol, linhaça, pipoca, gergelim e centeio, a Gebana Brasil, com sede em Capanema (PR), fornece insumos e assistência técnica para 120 produtos do Rio Grande do Sul à Bahia, de quem garante a compra de 100% da produção. As propriedades parceiras têm de áreas de plantio de 2 a 700 hectares, disse Jonathas Baerle, Gerente Geral. “Temos na rede agricultores com áreas plantadas entre 5 e 10 hectares que na soja tradicional não se sustentariam. Nós pagamos um prêmio mínimo de 30% sobre o preço da tonelada no mercado para que eles continuem a produzir”, disse. Em 2023, a Gebana Brasil faturou R$ 100 milhões. A estimativa é de manter a cifra neste ano.
Romário Khum, dono da fazenda que leva o sobrenome da fazenda, em Tiradentes do Sul (RS), é um dos integrantes da rede Gebana. Entre áreas próprias e arrendadas, cultiva 30 hectares de soja, trigo e milho orgânicos. “Gostaria de diversificar, plantando centeio no inverno, mas os bancos não liberam linhas de financiamento para grãos que não têm zoneamento”, disse. Na última safra, a fazenda Khum produziu 35 sacas de soja por hectare. A meta é chegar a 55 sacas por hectare na próxima colheita.
“As linhas de crédito abertas precisam ser mais divulgadas, as Universidades precisam preparar melhor os profissionais para a produção de orgânicos, avançar nas pesquisas”, defende Joe Valle, fundador da fazenda Malunga. Ele decidiu investir na agricultura orgânica na década de 1980, quando cursava engenharia florestal na Universidade Federal da Bahia. Segundo ele, faltam políticas públicas para a expansão da atividade. “Há um campo vasto para a agroindústria orgânica, um espaço gigante para o avanço da legislação de reciprocidade com outros países, entre eles, os integrantes do MERCOSUL”, disse.
Localizada a 70 km de Brasília, a Malunga tem 60 hectares com 35 variedades de hortaliças, além da produção de 32 itens entre queijos e laticínios provenientes da pecuária orgânica. Em 2023, faturou R$ 30 milhões. O objetivo para 2024 é alcançar R$ 35 milhões. “O mercado de orgânico precisa começar a trabalhar valor. Com esse propósito, lançamos um edital para preparar 14 hortas orgânicas em escolas públicas do Distrito Federal. A escola entra com área e água e a Malunga, com mudas e técnicas”, disse. “É a nossa maneira de entregar valor para que mais pessoas possam consumir orgânicos e, com isso, promover a transformação”.
Fonte: Valor
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