Produção de carne orgânica cresce na França

“Houve um aumento de 15% na produção de carne orgânica em 2015 em relação a 2014, com diferenças entre os rebanhos de bovinos, suínos e ovinos. Os bovinos tiveram um grande aumento, já os ovinos tiveram um crescimento moderado, de cerca de 3% dos carneiros. Esse aumento da produção se confirmou em 2016. Ainda não temos os números definitivos, mas devemos chegar a 17% de crescimento em relação a 2015. Dá para ver um padrão de evolução contínua”, explicou à RFI Jean-François Deglorie, especialista no tema, no stand da Agence Bio no Salão da Agricultura. O evento, que terminou no dia 5 de março, foi realizado no centro de convenções Porte de Versailles, em Paris.
Segundo ele, “em números absolutos de 2015, havia 60 mil bovinos, sendo que cerca de 13 mil deles eram bezerros”. “Isso dá mais ou menos 50 mil adultos abatidos em 2015. Em 2016 foram 13 mil cabeças a mais, chegando a cerca de 73 mil. Para 2017, apesar de o ano ter apenas começado, a tendência é que a curva de crescimento se mantenha”, completa.
A carne orgânica custa cerca de 15% a mais que a tradicional. “Os animais devem comer alimentos orgânicos, e o produtor deve privilegiar a sua própria fazenda como fonte desses alimentos. Quando se trata de pasto para vacas, tudo bem, o custo não é enormemente superior. Mas, para a produção de porcos, que vão comer muitos cereais, será necessário produzi-los de forma orgânica ou comprá-los. Nesse caso, em termo de alimentação, o custo será mais elevado”, afirma Cécile Deveze, coordenadora da Comissão de Produtos Orgânicos da Interbev, associação francesa de rebanhos e carnes.
“Há mais gastos também com as superfícies, que são maiores, pensando no bem-estar dos animais. Assim os estábulos têm mais espaço, e há menos animais por metro quadrado. Esses edifícios também devem ser construídos para possibilitar a saída dos animais ao exterior. Então os custos de produção são realmente mais altos”, acrescenta.
60% dos franceses estão dispostos a pagar mais
Mesmo mais cara, a carne orgânica atrai os franceses. Uma pesquisa da Interbev mostrou que 60% estão dispostos a pagar mais, citando a saúde e os benefícios ambientais como os principais fatores. A pecuária orgânica não utiliza agrotóxicos no pasto ou cereais transgênicos para alimentar os animais.
“O primeiro fator que leva o consumidor à compra de carne orgânica é a preocupação com a preservação do meio ambiente para seus filhos, as futuras gerações. Depois há a questão do bem-estar animal, que recebe melhor tratamento dos fazendeiros, e a vontade de consumir um produto mais saudável”, diz Dezeve.
Além das vantagens para o meio ambiente e para o consumidor, a produção de carne orgânica também gera mais empregos que a pecuária de corte tradicional. “A produção de orgânicos gera 10% mais empregos que a agricultura e a pecuária tradicionais. Atualmente há 33 mil produtores na França, segundo dados de 2016. A cadeia de trabalho inclui transformadores, órgão de controle e conselhos, por exemplo. Tudo isso corresponde a mais de 100 mil empregos gerados pela produção de orgânicos na França. É um número nada negligenciável neste período de crise econômica e desemprego. O preço mais alto do produto é consequência da necessidade de mais trabalho”, revela Deglorie.
O especialista acrescenta que os benefícios econômicos se estendem para além da produção. “Um produtor de orgânicos não vai utilizar pesticidas, então haverá menos contaminação dos lençóis freáticos. Isso faz com que a água necessite de menos tratamento para ser consumida pelas pessoas. Então essa água vai custar menos. Isso quer dizer também que a produção orgânica é um movimento cidadão. Quando consumimos produtos orgânicos, ajudamos a desenvolver uma agricultura e uma pecuária que irão gerar menos poluentes para a sociedade. E esses poluentes têm um custo, o chamado custo da poluição. Se incluirmos esses benefícios econômicos da produção orgânica, veremos que ela não sai mais cara que a tradicional.”
Fonte: RFI
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