Empresa holandesa trabalha no desenvolvimento de herbicida biológico

Em meio a discussões sobre os riscos associados ao uso de herbicidas na agricultura – com o glifosato e o dicamba na berlinda -, a holandesa Koppert trabalha na busca de um herbicida biológico que seja uma alternativa eficiente no combate a pragas.
Atualmente, não existe nenhum herbicida que não seja químico no mercado. A Koppert, que é pioneira em controle biológico, tem hoje no seu portfólio: insetos (macrobiológicos), vírus e bactérias (microbiológicos).
Paul Koppert, CEO e filho do fundador da empresa, acredita que, em cerca de 10 anos, alguma alternativa sem químicos estará no mercado. A companhia, que teve faturamento global de € 1,5 bilhão em 2017, investe em pesquisa para desenvolver herbicidas e fungicidas biológicos.
Mas pesquisas já mostraram que um único produto alternativo ao glifosato não seria factível.
“É um herbicida que funciona bem até demais”, brinca Martin Koppert, diretor da divisão de agronegócio, referindo-se ao herbicida desenvolvido pela Monsanto. Recentemente, o glifosato voltou aos holofotes. Em agosto, a Justiça da Califórnia condenou a Monsanto a pagar US$ 289 milhões em indenização a Dewayne Lee Johnson, um jardineiro que desenvolveu câncer após exposição a dois herbicidas à base de glifosato. A Bayer, que agora controla a Monsanto, recorreu da indenização.
“Estamos, no longo prazo, buscando alternativas de herbicidas. Não somos a Bayer, somos bem menores, mas fazemos muito investimento em pesquisa e desenvolvimento”, diz o CEO.
Chegar a um novo produto biológico envolve investimentos de alguns milhões de dólares. “É bem caro investir em desenvolvimento de novos produtos biológicos, mas quando você compara US$ 10 milhões a US$ 200 milhões de um químico, vê que é mais fácil ter seu dinheiro de volta”, afirma o diretor da divisão de agronegócios.
Parte dos investimentos da Koppert é destinado ao Brasil. “Investi milhões de euros. Muito mais que € 20 milhões. Mas o verdadeiro ouro do Brasil são as culturas de campo: soja, milho, algodão, café, cana-de-açúcar… Então, o dinheiro voltará, pode demorar um pouco, mas voltará”, diz Paul Koppert.
Conforme a Associação Brasileira das Empresas de Controle biológico (ABC Bio), esse mercado tende a crescer pelo menos 15% ao ano no país nos próximos anos, acima da média mundial. Os produtos biológicos representam no país apenas 1% a 2% do mercado de proteção de cultivos (cerca de US$ 10 bilhões anuais).
Em 2017, a receita da Koppert no Brasil ficou ao redor de R$ 80 milhões. “Estamos ainda arranhando o potencial do país”, diz o CEO. Para ele, o Brasil tem potencial de gerar 10 vezes mais receita num período de até 10 anos. “Os motores de crescimento são outros. Na Europa, são os supermercados e consumidores que não querem resíduo químico. No Brasil, o problema é a resistência a produtos químicos”.
Hoje, 60% do faturamento da Koppert no país provêm das vendas de produtos microbiológicos para as culturas de soja e milho.
Segundo o CEO da empresa, foram as resistências aos químicos que levaram seu pai, Jan Koppert, a criar a maior companhia de biológicos do mundo em 1967. “Meu pai era um produtor de pepinos e tinha de encontrar alternativa para eliminar alguns insetos que apresentavam resistência aos químicos”, diz.
Nos anos 1980, a Koppert começou o trabalho com abelhas – a empresa vende colmeias para a polinização em estufas. E, nos anos 2000 já tinha micróbios, bactérias e fungos no portfólio. “Levou alguns anos para chegarmos onde estamos hoje. No começo, os fazendeiros riam da gente”, afirma.
Em dezembro do ano passado, a Koppert fechou a aquisição, por meio de sua subsidiária brasileira, da Bug Agentes Biológicos, com sede em Piracicaba. Com o negócio, a Koppert informa ter chegado ao primeiro lugar no ranking do setor na América Latina.
Fonte: Valor Econômico
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