Produtor de Orgânicos

Desafiando a seca: agricultura aposta em orgânicos para transformar o Semiárido

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Rio, 7 de agosto de 2025.

Apesar de ser conhecido por sua abundância hídrica, o Brasil enfrenta um risco crescente de desertificação. Mais de 1,4 milhão de km² do território nacional já são suscetíveis a esse processo, afetando diretamente cerca de 1.500 municípios e 38 milhões de pessoas. Nesse cenário árido do Brasil onde o solo seco desafia a sobrevivência e a água é um recurso valioso a agricultora Eusébia Bezerra cultiva hortaliças orgânicas e transforma a paisagem.

No sítio onde vive com a família, ela está construindo um novo futuro com o apoio do projeto REDESER — uma iniciativa da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), em parceria com o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima do Brasil, com financiamento do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF, na sigla em inglês). “Aqui a gente não aproveitava nem 50% da terra, e o projeto ajudou muito com isso. Hoje a gente consegue usar cada pedacinho da propriedade, com pés de frutas, hortaliças, flores e plantas medicinais”, comemora Eusébia.

Criada em um assentamento na zona rural do Ceará, Eusébia foi para Juazeiro do Norte, de 280 mil habitantes – aos 16 anos, para trabalhar como empregada doméstica e babá. Com a gravidez de risco do primeiro filho, em 2019, ela deixou o emprego, e o marido, Henrique, ficou encarregado de todas as despesas da família.

A situação financeira apertada e a saúde debilitada do bebê estimularam o casal a deixar a cidade e construir uma casa na propriedade rural do pai de Henrique, dividida com irmãos, tios e primos. Em 2021, antes mesmo de terminar a construção, eles se mudaram para o sítio, que fica a cerca de duas horas da cidade, no coração do Semiárido brasileiro.

Enquanto o pai de Henrique focava na produção de monoculturas, como amendoim, arroz e milho, como a maioria dos produtores da região, a jovem família resolveu seguir outro caminho, apostando no cultivo de hortaliças orgânicas. “Quando começamos, não havia hortas por aqui. Tínhamos que comprar verduras na cidade, cheias de agrotóxico. Aí preferimos investir nisso”, explica Eusébia.

A horta foi crescendo, mas o principal desafio permanecia: a seca. “De agosto até o fim do ano é muito difícil, o poço fica vazio. A gente tem que se virar nos 30”, conta a agricultora. Com a chegada do projeto REDESER, a família aprendeu novas técnicas para aproveitar ao máximo a água — o recurso mais precioso da região, que é a área semiárida mais densamente povoada do mundo, cobrindo 70% do Nordeste brasileiro.

Em seis meses de acompanhamento do projeto, eles receberam capacitações, construíram uma área de agrofloresta, canteiros perenes e passaram a conciliar diferentes tipos de cultivos, reduzindo o consumo de água. “O projeto trouxe vários aprendizados, como jeitos diferentes de plantar que reaproveitam a água e garantem a cobertura do solo, para que fique mais tempo molhado. Hoje está outra coisa aqui”, celebra.

A partir das tecnologias sociais de convivência com o Semiárido, Eusébia e o marido conseguiram expandir a produção da horta, que atualmente conta com alface, coentro, cebolinha, pimentão e alho-poró. Tudo isso em um sistema integrado com agrofloresta, plantação de mandacaru (cactos da caatinga com frutos comestíveis) e de frutas, como banana e mamão, criação de peixes e cultivo de plantas medicinais, como hortelã e alecrim.

Todas as semanas, a família vende cerca de 12 quilos de alface e 15 quilos de coentro para uma cooperativa próxima, por 12 reais o quilo, totalizando um complemento de renda de cerca de R$ 1.300 por mês. A renda do cultivo ainda não garante o sustento da família, mas o plano é aumentar a produção. “Para a cidade eu não quero voltar nunca mais. A gente quer ficar por aqui, vivendo da horta”, afirma Eusébia.

Para o futuro, eles pretendem construir um novo poço no terreno, para garantir mais acesso a água e possibilitar ainda mais a expansão do plantio. “A gente tem um sonho de um dia, quando as coisas melhorarem, comprar um carro e sair vendendo cestinhas de hortaliças e plantas medicinais para as pessoas na cidade. Porque lá tem muita gente que quer ter acesso a produtos orgânicos, mas muitas vezes não tem. A gente está lutando para isso”, revela a agricultora.

Com um investimento de R$ 19 milhões até o final de 2025, o projeto REDESER busca restaurar a funcionalidade do solo, proteger a biodiversidade e melhorar as condições de vida das comunidades locais. A meta é impactar cerca de 900 mil hectares e beneficiar diretamente 1.500 pequenos produtores e comunidades em cinco territórios diferentes do Brasil.

Fonte: FAO – Food and Agriculture Organization

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