Como vencer ervas daninhas em milharais orgânicos

No Brasil, a busca por qualidade de vida através da alimentação vem aumentando vertiginosamente. Com isso, produtos orgânicos, ambientalmente responsáveis, saudáveis e frescos têm ganhado cada vez mais a atenção dos consumidores.
O crescimento da busca e consumo de orgânicos se desdobra não só na expansão do seu sistema de produção. Essa demanda trás consigo também novas especificidades tecnológicas ao setor, definindo uma nova fronteira para as iniciativas em pesquisa, desenvolvimento e inovação.
Exemplo disso foi o projeto “Milho orgânico em consórcio com adubos verdes: opção para o sistema de plantio direto e a integração lavoura-pecuária”, conduzido por Anastacia Fontanetti e apoiado pela FAPESP em acordo de cooperação com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
“Buscamos uma alternativa para o controle de plantas espontâneas [popularmente chamadas de ‘ervas daninhas’], que constituem o principal problema enfrentado pelos produtores de milho orgânico”, disse Fontanetti à Agência FAPESP.
A pesquisadora é professora do Departamento de Desenvolvimento Rural da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).
Na agricultura convencional, baseada em sementes transgênicas e uso intensivo de herbicidas e outros aditivos químicos, esse controle é feito principalmente por meio do glifosato [N-(fosfonometil) glicina]. Na agricultura orgânica, a principal forma de controle adotada até o presente tem sido o revolvimento do solo.
“Porém, com o revolvimento, ocorre perda de matéria orgânica, exposição à erosão, enfim, o início de um processo de depauperamento do solo que vai contra o objetivo da agricultura orgânica”, comentou a pesquisadora.
A ideia que norteou seu estudo foi substituir a prática do revolvimento pelo cultivo consorciado de outras plantas. Estas, agregadas ao milho, promoveriam a cobertura do terreno, evitariam a emergência e proliferação de ervas daninhas e melhorariam a qualidade do solo, por meio da reciclagem natural de nutrientes. Para cumprir tal papel, essas plantas vivas, chamadas de “adubos verdes”, não podem competir com o milho, reduzindo a produtividade.
A barreira proporcionada pelos “adubos verdes” à proliferação de plantas espontâneas se deve, principalmente, à cobertura física do solo. Esta reduz a incidência dos raios solares e, por decorrência, dificulta a quebra de dormência e a germinação das sementes de ervas daninhas.
A pesquisadora testou algumas plantas candidatas ao consórcio. Dentre elas, a que apresentou o melhor resultado foi o feijão guandu anão (Cajanus cajan L.). Trata-se de uma planta de porte pequeno, que demora mais tempo para germinar do que o milho, e, por isso, confere a este uma vantagem competitiva.
“Verificamos que o guandu anão não afetou a produtividade do milho, dificultou a proliferação de plantas espontâneas e aumentou o teor de nitrogênio nas plantas de milho – o que pode contribuir para o incremento de biomassa e de produtividade”, informou a pesquisadora. Além disso, o feijão guandu anão é, ele mesmo, uma planta de interesse. Devido ao alto teor proteico, em algumas localidades do Brasil é utilizado na alimentação humana. Outro uso possível é como planta forrageira na alimentação animal.
“Fizemos vários testes para descobrir também a melhor forma de plantio. O resultado mais favorável foi obtido quando plantamos o guandu anão tanto nas entrelinhas das fileiras de milho quanto nas próprias linhas, entre um pé de milho e outro”, acrescentou Fontanetti.
“Considerando essas várias opções de manejo, o plantio consorciado me parece a melhor opção, não só pelo benefício direto ao milho, como pelo melhoramento do solo, evitando a erosão e agregando matéria orgânica”, ponderou a pesquisadora.
Após a colheita do milho, os adubos verdes são mantidos no solo, pois constituem culturas perenes. Como regra de manejo, Fontanetti recomenda que, depois de retiradas as espigas, as plantas de milho e os “adubos verdes” sejam roçados e seus resíduos mantidos sobre o solo como cobertura.
“Ao se decompor, os resíduos vegetais e as raízes agregam matéria orgânica ao solo. Além disso, é melhor não revolver a terra, mas plantar em cima. O princípio é revolver o solo o mínimo possível. Tanto para preservar os nutrientes como para não expor as sementes de ervas daninhas à luz e ao calor, o que favoreceria sua germinação”, concluiu.
Para conferir a matéria completa: Agencia Fapesp
Para acessar o estudo completo: “Milho orgânico em consórcio com adubos verdes: opção para o sistema de plantio direto e a integração lavoura-pecuária”
Clique na imagem abaixo e confira na íntegra o Guia do Consumidor Orgânico da Sociedade Nacional de Agricultura:
Clique na imagem abaixo e confira na íntegra o Guia do Produtor Orgânico da Sociedade Nacional de Agricultura:
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