Cesta de orgânicos “inclusiva”, Diferente capta R$ 16 milhões
Menos de um ano após levantar R$ 24 milhões para lançar seu negócio de cesta de orgânicos por assinatura, a Diferente está reforçando o caixa com um cheque de R$ 16 milhões, trazendo para a sociedade o fundo americano Valor Siren Partners, braço do Valor Equity Partners.
O fundo é um dos principais investidores do Misfits Market, um e-commerce de orgânicos americano que compartilha a mesma proposta da Diferente: tornar mais acessível o consumo de alimentos sem agrotóxicos a partir da redução do desperdício.
A Diferente promete preços mais baratos ao incluir na cesta do assinante produtos rejeitados pelos grandes varejistas por razões puramente estéticas. São produtos fora do padrão de beleza exigido para poder frequentar as gôndolas dos supermercados.
O varejo, destino de cerca de 90% da produção de orgânicos no Brasil, rejeita de 15% a 30% da produção de frutas, verduras e legumes por estarem fora do padrão. Esses produtos acabam sendo doados ou virando adubo, mas representam uma perda de oportunidade de renda para o produtor.
— Nas nossas caixas, 75% dos produtos são padrão-supermercado e o restante é diferente. Comprando toda a produção, geramos mais renda para o agricultor e conseguimos baratear para o consumidor final — diz o CEO Eduardo Petrelli, que antes de empreender passou pelo James Delivery. Assim como Eduardo, os outros co-fundadores também passaram por empresas de tecnologia. Saulo Marti liderou o marketing da Olist, e Paulo Monçores, foi da VTex.
O modelo de assinatura também ajuda a reduzir o desperdício ao dar previsibilidade à demanda, o que é potencializado com o uso de inteligência artificial para entender as preferências de cada usuário.
— A gente só compra o que já vendeu. Isso permite uma melhor margem e um melhor preço para o consumidor final — diz Eduardo.
Hoje a Diferente entrega cestas individualizadas semanalmente em 12 cidades, mas vê potencial para mais 24 — todas localizadas em um raio de até 500 km do Centro de Distribuição. Nesta lista estão Rio e Curitiba, mas essas cidades não devem receber o serviço antes de 2024.
O centro de distribuição da Diferente fica na Vila Leopoldina, estrategicamente ao lado do Ceagesp, o centro de distribuição atacadista da capital paulista. Isso permite comprar direto do produtor, eliminando o distribuidor.
A empresa já gera lucro operacional (por cesta), mas foi atrás de uma extensão de rodada com os mesmos investidores do ano passado para atravessar 2023 sem a pressão de caixa.
— Conseguimos em menos de um ano ser lucrativo por caixa vendida. Então quanto mais a gente cresce, menos a gente depende de capital. Mas precisamos de caixa para financiar a expansão — diz. A empresa acumula 100 mil pedidos realizados desde março de 2022, e cresce a base de assinantes em cerca de 15% ao mês.
Para Eduardo, o foco no preço baixo é estratégico para garantir o crescimento não apenas da Diferente, mas do mercado. — O varejo alimentar no Brasil ainda é pouco digitalizado. Mas sem um modelo acessível, a digitalização não vai acontecer — diz o CEO da Diferente.
Enquanto nos EUA 10% do varejo alimentar é vendido pela internet, no Brasil o mercado é de 2% apenas. E o potencial aqui para o segmento de perecíveis pode ser ainda maior, considerando que 82% das famílias na América latina cozinham diariamente. Nos EUA, são 37%.
— Nos EUA, as pessoas compram mais produtos de conveniência, mais manuseados. Alimentos frescos a um preço acessível é uma necessidade das famílias na América Latina — diz.
Para Eduardo, foi isso que atraiu o Valor a fazer seu primeiro investimento na região. — (Com esse aporte) eles estão validando as nossas métricas e o tamanho do mercado — diz.
Além do fundo americano que chega agora, essa extensão da rodada de investimentos atraiu os mesmos investidores da primeira e foi liderada pela Caravela Capital. O Collaborative Fund também participou.
Fonte: O Globo
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