Tarifaço de Trump ameaça o açúcar orgânico brasileiro e põe em risco o futuro do agronegócio sustentável
A recente decisão dos Estados Unidos, sob a liderança de Donald Trump, de retirar o Brasil da cota especial de importação de açúcar e aplicar uma tarifa de 140% sobre o produto, acendeu um alerta vermelho para o setor sucroenergético nacional. O impacto é ainda mais severo para o nicho do açúcar orgânico, que dependia fortemente desse mercado privilegiado para sustentar sua competitividade global. Produtores como a Native, maior exportadora de açúcar orgânico do mundo, alertam que essa medida poderá inviabilizar completamente a continuidade da produção voltada à exportação.
A Native, empresa do Grupo Balbo, com sede em Sertãozinho (SP), destaca que a exclusão da cota coloca a sobrevivência de toda a cadeia produtiva em risco. De acordo com Leontino Balbo Jr., criador da marca, a taxação repentina praticamente dobra o custo final do açúcar orgânico no mercado norte-americano, afastando compradores e desestimulando a continuidade de investimentos no segmento. Além disso, como os EUA eram o principal destino das exportações, a perda deste mercado não encontra reposição imediata.
A cota especial permitia ao Brasil exportar cerca de 150 mil toneladas de açúcar por ano aos EUA com tarifas muito reduzidas. Ao sair da cota, o país enfrenta agora um dos tributos mais altos do mundo para esse produto. Isso ocorre justamente em um momento em que o açúcar orgânico ganhava espaço como alternativa viável e sustentável ao modelo tradicional, associando o Brasil a uma imagem positiva no cenário internacional de práticas agrícolas responsáveis.
O setor de orgânicos já enfrentava desafios internos como custos mais altos, baixa produtividade por hectare e logística complexa. Agora, o obstáculo imposto pela política protecionista de Trump poderá desacelerar os avanços que o Brasil obteve ao longo das últimas décadas. Como resultado, trabalhadores rurais, cooperativas, engenhos sustentáveis e exportadores enfrentam uma nova realidade de incertezas, com ameaça direta à manutenção de empregos e renda no campo.
Especialistas do setor agrícola e analistas de comércio exterior observam que a medida de Trump não é apenas um movimento comercial, mas político, com o objetivo de fortalecer a indústria americana às custas de seus concorrentes. O Brasil, que liderava as exportações globais de açúcar orgânico, pode ser ultrapassado por países menos eficientes, mas favorecidos por acordos bilaterais ou alianças estratégicas com os EUA. A ruptura mostra a fragilidade de depender de mercados externos sem acordos comerciais sólidos.
A situação reaquece o debate sobre a necessidade de diversificação de mercados, estímulo à industrialização interna e políticas de proteção à agricultura sustentável. Países da Europa e da Ásia poderiam absorver parte da produção brasileira, mas exigem certificações específicas e contratos de longo prazo. Enquanto isso, pequenos e médios produtores orgânicos já reportam prejuízos e paralisação de colheitas diante da indefinição de mercado.
Além do dano econômico, o tarifaço de Trump fere o simbolismo do avanço da agroecologia e da agricultura regenerativa no Brasil. O açúcar orgânico era um exemplo de como é possível unir sustentabilidade, escala e exportação de valor agregado. Agora, essa referência está sob ameaça.
Reflexão final dos principais pensadores da economia e agronegócio brasileiro:
Se olharmos a situação pela ótica de economistas, empresários e pensadores como Roberto Rodrigues, Gilberto Tomazoni e Armínio Fraga, o tarifaço de Trump representa não apenas uma barreira comercial, mas um teste de maturidade para o Brasil enquanto potência agrícola. Para Bresser-Pereira e André Lara Resende, é o reflexo de uma política externa frágil, que precisa de articulação soberana e industrialização com foco em agregação de valor. Edmar Bacha e Samuel Pessoa reforçariam a importância de uma diplomacia comercial ativa e inteligente, com foco em acordos multilaterais sólidos.
Ricardo Amorim e Carlos Alberto Sardenberg apontariam que o episódio escancara a urgência de abrir novos mercados, melhorar a competitividade interna e reduzir a dependência de políticas externas instáveis. Já Samy Dana e Joel Pinheiro da Fonseca alertariam para os riscos de não se investir em inovação e gestão estratégica nas exportações, sobretudo em nichos sustentáveis. Por fim, Mariana Mazzucato, com sua visão voltada ao papel do Estado inovador, destacaria que cabe ao governo brasileiro proteger setores estratégicos, como a agricultura orgânica, que entregam externalidades positivas para o planeta — e não deixá-los à mercê das guerras comerciais de terceiros.
A lição que fica: ou o Brasil se posiciona com estratégia e soberania no comércio internacional, ou continuará vulnerável aos caprichos de potências como os Estados Unidos, mesmo quando lidera em qualidade, inovação e sustentabilidade.
Fontes: Globo Rural/ AG Feed/Nova Cana
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